Este livro traz um conjunto de pequenas narrativas, poeticamente pensadas e escritas, que revelam mundos dentro do mundo da infância. Em suas linhas e entrelinhas, traz também uma concepção de infância.
Histórias reais, com a poética das crianças: suas vozes e conversas com todas as coisas, suas histórias e indagações, seus descobrimentos do mundo e das palavras, sua invenção de brincadeiras, sua capacidade de resistir às dores e recriar-se, sua curiosidade e espanto com a natureza.
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Não sei meu CEPEscritor: Severino Antônio
Ilustrador: Alexandre Camanho
Design: Adriana Campos / Dorotéia Design
Editora: Passarinho
Páginas: 72
Acabamento: brochura
Formato: 18 x 25 cm
Carta da Casa Diálogos: viagens pedagógicas: Fabiane Vitiello e Telma Holanda
Prefácio de Katia Tavares
4ª capa: Tarcísio Bregalda
com a fala das crianças
a linguagem está nascente,
começa de novo o mundo.
quem cultiva esses milagres?
Severino Antônio
Todas as vezes que vamos visitar um amigo querido chamado Ditinho Joana, em São Bento do Sapucaí, um escultor que além de esculpir na madeira dizemos que é escultor de histórias, a hora mais difícil é a de irmos embora. Nos despedimos ainda dentro do seu ateliê, em meio às esculturas quase vivas, vamos caminhando para o portãozinho de tramela e mais uma despedida. Depois de um final de outra história, seguimos até a calçada e a prosa continua. Próximos do carro, uma fala contendo data de retorno e outra história… Nosso amigo, de sabedoria ancestral, diz: – é que as nossas conversas não desemendam nunca.
Esse dito caminha com a gente nas andanças que temos feito para lá e para cá, cultivando um campo. Assim, posso dizer que as histórias desse livro, todas de vida vivida, como o Severino gosta de falar, também não desemendam nunca, é como se elas quisessem estar sempre juntas, se reconhecendo umas nas outras. Há uma irmandade entre elas.
Neste livro de pequenos contos com vivências das crianças, o Severino elabora as narrativas abarcando a poética de cada situação e nos levando para as naveganças da nossa própria infância e para a infância das infâncias.
As narrativas que ele desenha com os lápis coloridos das crianças trazem nas linhas e entrelinhas uma concepção de infância, uma concepção de educação que pode orientar os olhares, as escutas, os pensamentos e os gestos dos educadores – nas casas, nas escolas, nas comunidades – para criarem ou recriarem relações mais vivas e fecundas com as crianças.
Ao lermos os contos vamos percebendo e sentindo o que eles revelam do universo infantil: a alegria e o espanto da descoberta do mundo; a empatia e a reverência pela vida, desde o céu até a formiguinha; o andar pelos segredos das origens, naturalmente; a conexão com o mistério – ‘é o caminho de cada um’ ; a felicidade inteira com o brincar livre – o canto no galho mais alto da árvore; a comunhão com os brinquedos mais simples, criados pelas crianças ou encontrados na natureza; as histórias, as comparações, as metáforas, os sonhos de resistências, os momentos difíceis em que elaboram suas dores e tristezas, as linguagens todas do corpo e da alma nos fazeres dos seus dias.
Este livro também traz a visita das pinturas de Alexandre Camanho, imagens elaboradas com bico de pena, que conjugam sonhos, sensibilidade, leveza. Elas nos levam ainda mais para a morada que não separa o querer, o sentir e o pensar que habitam a infância. Percebemos que essa visita veio para ficar, ela brinca com as narrativas e entra no labirinto da nossa imaginação criadora e se sente em casa.
Cada história é única e ao mesmo tempo pode nos levar a muitas infâncias, nos fazendo acreditar nas possibilidades de vivenciar e recriar sentido nos vários campos da vida.
Há uma unidade do humano que cintila na diversidade. Há uma força constelar que nos une como humanidade.
Kátia Tavares
Em travessia com Severino, neste planeta ainda azul, há quase 40 anos.